terça-feira, julho 20, 2010

19.07.2010




Fragmentos nossos são tão particulares, amor
Que se cada partícula dessas falasse,
Diria tudo o que eu não soube dizer...

Até a natureza,
Extensão mínima de qualquer divindade,
É impermanente,
Com a minudência majestosa de um carnaval mudo
Que acorda aos berros do abismo do sono toda uma cidade.

Se tudo coubese na boca e nas mãos
De alguém que se diz poeta,
Este não seria poeta, mas sim Deus,
Pois no seu ninho de plumas coletadas,
O poeta só ingere sementes com a maestria
De um criador de universos,
Cônscio de seu próprio apocalipse.

Se a saudade vier, ela será tão bem-vinda
Quanto os dias de frio quem fazem fora
Da minha planície abissal.
Se acaso ficares comigo,Sempre fui teu abrigo,
Por quê me compreendes tão mal?

Coleto gravetos pra atear fogo no mundo,
Sou vidente, sei macumbar,
Já vi Deus e o Diabo me rodeia na rotina
Moro longe, sou de peixes, tenho Câncer
Vi a gênesis da terra; vi também como termina.

Sei morrer com dignidade,
Mas ai de mim, tentar amar...